Integridade e inovação no exercício de cargos políticos e altos cargos públicos: o caso da Entidade para a Transparência no ordenamento português
DOI:
https://doi.org/10.48143/rdai.28.goncalvesmonizPalabras clave:
Valores públicos – Ética – Transparência – Inovação-digitalização – Entidade para a TransparênciaResumen
A progressiva permeabilização do exercício de funções públicas (lato sensu) a valores públicos permitiu introduzir preocupações éticas nos regimes jurídicos aplicáveis. Embora esta dimensão não constitua uma novidade absoluta, já a associação entre integridade e tecnologias de informação representa uma conquista mais recente: trata-se agora de colocar aquelas tecnologias também ao serviço do controlo da integridade dos titulares de cargos políticos e altos cargos públicos. O caso da Entidade para a Transparência do ordenamento jurídico português representa um exemplo paradigmático da conjugação entre estes dois vetores. Instituída formalmente em 2019, esta entidade administrativa independente tem a seu cargo o controlo da riqueza, do património e das incompatibilidades daqueles titulares, desempenhando esta tarefa mediante o recurso a uma plataforma eletrónica criada propositadamente para o efeito.
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