Teoria deôntica da justiça – Parte I: justiça na dogmática analítica

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.48143/rdai.29.martins

Palabras clave:

intolerável injustiça, existência e validade normativas, abuso de autoridade, invalidade pragmática, invalidade sintática, direito de resistência ativa e passiva

Resumen

Este estudo examina a justiça na dogmática analítica, na ciência do direito como teoria da norma. Normas intoleravelmente injustas são normas juridicamente inexistentes. Utilizou-se a teoria pragmática da norma jurídica para explicar a inexistência normativa decorrente da intolerável injustiça. Essa intolerabilidade pode ocorrer implicitamente, pelo abuso do exercício da autoridade, ou explicitamente, pelo próprio conteúdo normativo. O conteúdo é intoleravelmente injusto quando configurar uma violação não justificável do núcleo essencial de um direito humano básico. Regra geral, essa violação é intuitiva por violação da consciência coletiva decorrente da não efetividade normativa, o que faz com que o pressuposto da não concretização de intolerável injustiça seja desnecessário. Quando não houver consciência coletiva sobre a intolerável injustiça ou quando essa consciência se configurar após a edição da norma, o pressuposto é útil, caso em que são invocáveis as duas leis doutrinárias da intolerável injustiça.

Biografía del autor/a

Ricardo Marcondes Martins, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Doutor em Direito Administrativo pela PUC-SP. Professor de Direito Administrativo da PUC-SP

Citas

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. 6. ed. Disponível em: < https://www.academia.org.br/nossa-lingua/vocabulario-ortografico>. Acesso em 10.11.2023.

ALEXY, Robert. La institucionalización de la justicia. Traducción de José Antonio Seoane. Granada: Comares, 2005.

ALEXY, Robert. A crítica de Bulygin ao argumento da correção. In: ALEXY, Robert; BULYGIN, Eugenio. Direito, moralidade e positivismo. Coordenação e revisão técnica de Cesar Antonio Serbena e Ilton Norberto Robl Filho. Curitiba: Juruá, 2017, p. 79 a 96.

ALEXY, Robert. Derecho injusto, retroactividad y principio de legalidad penal: la doctrina del Tribunal Constitucional Federal alemán sobre los homicidios cometidos por los centinelas del Muro de Berlín. Tradução de A. Daniel Oliver-Lalana. Doxa, Alcante, n. 23, p. 197-230, 2000. Disponível em:s < http://www.cervantesvirtual.com/ portal/DOXA/cuadernos. shtml>. Acesso em: 10 nov. 2023. DOI: https://doi.org/10.14198/DOXA2000.23.08

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução Edson Bini. 3. ed. Bauru: Edipro, 2009.

ATALIBA, Geraldo. Sistema constitucional tributário brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1968.

AUSTIN, John. L. Cómo hacer cosas con palabras. Traducción Genaro R. Carrió e Eduardo A. Rabossi. Barcelona: Paidós, 1971.

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Serviço público e concessão de serviço público. São Paulo: Malheiros, 2017.

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Malheiros, 2016.

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Criação de secretarias municipais: inconstitucionalidade do art. 43 da Lei Orgânica dos Municípios do Estado de São Paulo. Revista de Direito Administrativo e Infraestrutura – RDAI, São Paulo, ano 3, n. 11, p. 433-439., out.-dez. 2019. DOI: https://doi.org/10.48143/rdai/11.cab.mello

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Poder constituinte. Revista de direito constitucional e ciência política, São Paulo, n. 4, p. 69-103, jan.-jun. 1985.

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Leis originariamente inconstitucionais compatíveis com emenda constitucional superveniente. Revista Trimestral de Direito Público (RTDP), São Paulo, v. 23, p. 12-23, 1998.

BASTOS, Celso Ribeiro. Hermenêutica e interpretação constitucional. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Celso Bastos Editor; Instituto Brasileiro de Direito Constitucional, 1999.

BIANCHINI, Alice. Pressupostos materiais mínimos da tutela penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

BÍBLIA SAGRADA: edição ecumênica. Tradução do Padre Antônio Pereira de Figueiredo. Rio de Janeiro: Barsa, 1974.

BRAVO, Gian Mario. Anarquismo. In: BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco (org.), Dicionário de política ¬– v. 1. Tradução Carmen C. Varrialle et al. 5. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000, p. 23-29.

CINTRA DO AMARAL, Antônio Carlos. Teoria do ato administrativo. Belo Horizonte: Fórum, 2008.

CINTRA DO AMARAL, Antônio Carlos. Comentando as licitações públicas. Rio de Janeiro: Temas & Idéias, 2002.

COELHO, Fábio Ulhoa. Do desafio kelseniano à ruptura anticientificista. In: OLIVEIRA, Júlio Aguiar de; TRIVISONNO, Alexandre Travessoni Gomes (org.). Hans Kelsen: teoria jurídica e política. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 235-252.

COPI, Irving Marmer. Introdução à lógica. Tradução Álvaro Cabral. 2. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978.

DAL POZZO, Augusto Neves; MARTINS, Ricardo Marcondes; FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Diálogos sobre teoria geral do direito. Belo Horizonte: Fórum, 2023.

DAVID, René. Os grandes sistemas do direito contemporâneo. Tradução Hermínio A. Carvalho. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Função social da dogmática jurídica. São Paulo: Max Limonad, 1998.

FERRAZ JR., Tercio Sampaio. A ciência do direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1980.

FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Estudos de filosofia do direito. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Teoria da norma jurídica. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Direito, retórica e comunicação. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1997.

FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio; BORGES, Guilherme Roman. A superação do direito como norma: uma revisão descolonial da teoria do direito brasileiro. São Paulo: Almedina, 2020

GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001.

HART, Herbert L. A. O conceito de direito. Tradução de A. Ribeiro Mendes. 3. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2001.

JOLIVET, Régis. Curso de filosofia. Tradução Eduardo Prado de Mendonça. 16. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1986.

JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Tradução Maria Luiza Appy e Dora Mariana R. Ferreira da Silva. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

JUNG, Carl Gustav. Psicologia do inconsciente. 11. ed. Tradução Maria Luiza Appy. Petrópolis: Vozes, 1998.

KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Tradução Valério Rohden. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

KAUFMANN, Arthur. Filosofía del derecho. Traducción Luis Villar Borda e Ana María Montoya. 2. ed., 1. reimpr. Bogotá: Universidad Externado de Colombia, 2002.

KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Tradução de João Baptista Machado. 6. ed. Coimbra: Armênio Amado, 1984.

LOCKE, John. Segundo tratado do governo civil. Tradução de Anoar Aiex e E. Jacy Monteiro. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978, Coleção Os Pensadores.

LUHMANN, Niklas. Sistemas sociais: esboço de uma teoria geral. Tradução de Antonio C. Luz Costa et al. Petrópolis: Vozes, 2016.

LUHMANN, Niklas. Poder. Traducción de Luiz Mónica Talbot e Darío Rodríguez Mansilla. Barcelona: Anthropos; México: Universidad Iberoamericana, 1995.

MANUEL TERÁN, Juan. Filosofía del derecho. 19. ed. México: Porrúa, 2007.

MARTINS, Ricardo Marcondes. Hermenêutica constitucional. Revista de direito administrativo e infraestrutura - RDAI. São Paulo, ano 07, n. 27, p. 83-142, out.-dez. 2023. DOI: https://doi.org/10.48143/RDAI.27.martins

MARTINS, Ricardo Marcondes. Abuso de direito e constitucionalização do direito privado. São Paulo: Malheiros, 2010.

MARTINS, Ricardo Marcondes. Princípio da colaboração e exercício da advocacia. Revista de Direito Administrativo e Infraestrutura (RDAI). São Paulo, ano 2, n. 6, p. 73-99, jul.-set. 2018. DOI: https://doi.org/10.48143/rdai/06.rmm

MARTINS, Ricardo Marcondes. Teoria dos princípios e função jurisdicional. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 5, n. 2. p. 135-164, mai./ago. 2018. DOI: https://doi.org/10.5380/rinc.v5i2.56183

MARTINS, Ricardo Marcondes. Ato administrativo. In: BACELLAR FILHO, Romeu Felipe; MARTINS, Ricardo Marcondes. Tratado de direito administrativo – v. 5: Ato administrativo e procedimento administrativo. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2022, p. 33 a 409.

MARTINS, Ricardo Marcondes. Poder Judiciário e estado de exceção: direito de resistência ao ativismo judicial. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 8, n. 2, p. 457-487, maio/ago. 2021. DOI: https://doi.org/10.5380/rinc.v8i2.71729

MARTINS, Ricardo Marcondes. Racionalidade e sistema normativo: na teoria pura e na teoria pragmática do direito. Revista trimestral de direito público (RTDP), São Paulo, v. 47, p. 174-208, 2004.

MARTINS, Ricardo Marcondes. Reexame da teoria dos atributos do ato administrativo. Revista Brasileira de Infraestrutura (RBINF), Belo Horizonte, ano 6, n. 12, p. 11-43, jul.-dez. 2017.

MARTINS, Ricardo Marcondes. Efeitos dos vícios do ato administrativo. São Paulo: Malheiros, 2008.

MATURANA ROMESÍN, Humberto; VARELA G., Francisco. De máquinas y seres vivos – autopoiesis: la organización de lo vivo. 6. ed. Buenos Aires: Lumen, Editorial Universitaria, 2004.

MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da existência. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

MIRABETE, Julio Fabrini. Manual de direito penal – v. 1. 10. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil – v. 1. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 1994.

MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Fontes do direito tributário. São Paulo: Max Limonad, 2001.

PASSERON, Jean-Claude; BOURDIEU, Pierre. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. 2. ed. Tradução de Reynaldo Bairão. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982.

PIRES, Luis Manuel Fonseca. Justiça arquetípica instinto, intuição e sentimento de justiça – a consciência da justiça. In: PIRES, Luis Manuel Fonseca; MARTINS, Ricardo Marcondes. Um diálogo sobre a justiça. Belo Horizonte: Fórum, 2012, p. 93-148.

PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcante. Tratado de direito privado. 2. tir. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, t. 1, 2, 4 e 5.

PRÉ-SOCRÁTICOS. Fragmentos, doxografia e comentários. Seleção de textos José Cavalcante de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

RADBRUCH, Gustav. Arbitrariedad legal y derecho supralegal. In: _____. Relativismo y derecho. Traducción Luis Villar Borda. Bogotá: Temis, 1999, p. 25-42.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingüística geral. Tradução de Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 30. ed. São Paulo: Cultrix, 2008.

STEFANELLO, Carla Marli Adiers. Da competência comunicativa à linguística-discursiva: implicações para o ensino e aprendizagem da língua estrangeira. Dissertação de mestrado. Passo Fundo, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Passo Fundo, 2007, 150f.

SUNDFELD, Carlos Ari. Direito administrativo para céticos. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2014.

TEUBNER, Gunther. El derecho como sistema autopoiético de la sociedad global. Traducción Manuel Cancio Meliá e Carlos Gómez-Jara Díez. Lima: ARA, 2005. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv31zqdn8

THOREAU, Henry David. A desobediência civil. Tradução de Sergio Karam. Porto Alegre: L&PM, 1997.

WATZLAWICK, Paul; BEAVIN, Janet Helmick; JACKSON, Don D. Pragmática da comunicação humana. Tradução de Álvaro Cabral. 21. ed. São Paulo: Cultrix, 2010.

WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. Tradução Marcos G. Montagnoli. 4. ed. Bragança Paulista: Editora Universidade São Francisco; Petrópolis: Vozes, 2005.

Publicado

2024-06-29

Cómo citar

MARTINS, Ricardo Marcondes. Teoria deôntica da justiça – Parte I: justiça na dogmática analítica . Revista de Direito Administrativo e Infraestrutura - RDAI, São Paulo: Thomson Reuters | Livraria RT, v. 8, n. 29, p. 27–75, 2024. DOI: 10.48143/rdai.29.martins. Disponível em: https://rdai.com.br/index.php/rdai/article/view/698. Acesso em: 16 oct. 2024.

Número

Sección

Teoria Geral